Temas estiveram presentes em diversas palestras no Mercofrio que tem nesta quinta-feira (15/09) o seu último dia de programação

O segundo dia de atividades do evento que reúne as maiores empresas do setor e profissionais renomados do Brasil e do mundo, em Porto Alegre (RS) mostra que o desafio de oferecer segurança no ar que respiramos e cuidar do meio ambiente são as maiores prioridades.

O cuidado está, por exemplo, na preocupação com a umidade do ar. Quando o índice de umidade está acima, há proliferação de fungos e bactérias, o que afeta bastante a saúde das pessoas. A ação desses microrganismos pode desencadear crises alérgicas, pois ao entrar em contato com o corpo através do ar, o sistema imunológico reage.

“Um dos pilares da qualidade do ar de ambientes internos é a umidade. Ao analisar as fontes de umidade, é possível compreender os efeitos sobre os ocupantes, bem como detectar problemas desde o projeto e que tipo de solução de climatização pode ser mais adequada, utilizando as tecnologias mais recentes disponíveis”, afirmou o palestrante Rafael Dutra.

A curiosidade trazida pelo palestrante Oswaldo de Siqueira Bueno foi o quanto é antiga a preocupação com a Qualidade do Ar em ambientes internos.

“Na Idade Média, começaram a perceber que o ar interno de uma construção poderia transmitir doenças em ambientes com concentração de pessoas. Residências e pequenas construções eram aquecidas por lareiras e a fumaça poderia se esparramar pelo ambiente envenenando o ar”, disse.

Quem também fez um resgate ao passado, para compreender o presente foi o palestrante Eduardo Bertomeu. Ao longo da história humana a ventilação de ambientes habitados é condição de sobrevivência sobretudo depois da descoberta do fogo por nossos antepassados pois não é possível habitar recintos onde há fogo sem uma adequada ventilação e renovação do ar.

“Em um passado mais recente podemos nos remeter aos fogões a lenha e lareiras de nossos bisavós onde a peça fundamental da ventilação é a exaustão pela chaminé. Em climas quentes desde a época dos egípcios tem sido aplicadas as torres de vento. Uma torre de vento, também conhecida como apanhador de vento, Malqaf ou Badgir, é um elemento arquitetônico tradicional de resfriamento, que tem sido usado há milhares de anos em países com climas extremamente quentes”, relatou o palestrante, Eduardo C Bertomeu.

Uma tecnologia apresentada no encontro, pelo convidado Ingo Muhle, foi o sistema de absorção que usa energia térmica para produzir um efeito de refrigeração. Nestes sistemas, o refrigerante, ou seja, a água, absorve o calor a temperatura e pressão baixas durante a evaporação e libera o calor em temperatura e pressão altas durante a condensação.

Professor na Poli USP e engenheiro mecânico, Antonio Luis C. Mariani abordou as peculiaridades e os cuidados para que a medição da qualidade do ar nos ambientes internos seja feita da maneira certa e com os instrumentos corretos.

“É preciso planejar os experimentos e medições considerando o objetivo da operação. Definir os objetivos e quais resultados se deseja alcançar”, explicou. O palestrante reiterou a importância de se compreender e levar a sério o tema da Qualidade do Ar Interior.

O sistema que transfere temperatura e umidade entre dois fluxos do ar foi apresentado durante uma das palestras. Os detalhes técnicos da instalação foram trazidos pelo palestrante Bo Andersson, diretor na Comset, recuperação de energia, HVAC. Ele destacou características da estrutura como: controle de temperatura, umidade, pressão, vazão e qualidade do ar. A unidade é composta por ventiladores, filtros, recuperadores, serpentina, lâmpada UV e umidificador. O convidado também mostrou detalhes do funcionamento da Roda Dessecante, equipamento desumidificador de ar

Segurança nas instalações

O controle de vazamento na rede de dutos foi tema da palestra do engenheiro Wili Colozza Hoffmann. O palestrante explicou a função de segurança exercida pelos dutos.

“Eles surgiram junto com o ar-condicionado. A função deles é conduzir o ar-climatizado de forma segura até o condicionador e até o ambiente climatizado”, pontuou.

Conforme ele, o ar-climatizado é “muito precioso” por algumas peculiaridades: “ele não pode ser armazenado e assim que produzido tem que ser entregue. Ele é caro e é difícil de ser contido e protegido”.

A amônia possui diversos benefícios que foram comprovados ao longo de décadas de aplicações dos sistemas de refrigeração de amônia. Porém o seu uso, provoca muitos questionamentos e uma das preocupações recorrentes é a segurança. O gás carrega consigo uma fama de ser perigoso devido aos acidentes comuns no passado, geralmente, envolvendo frigoríficos que o utilizavam de maneira indevida, falta de dispositivos e procedimentos de segurança. A apresentação foi de Vanderlei Giareta, vice Presidente do IIAR – Instituto Internacional de Refrigeração com Amônia Capítulo Brasil

Clima

As questões climáticas e as edificações foram abordadas em duas palestras realizadas na tarde de quarta-feira (14/09), no Mercofrio. A palestra de Ana Paula Melo mostrou o impacto dos dados climáticos na simulação de desempenho de edificações.

“É importante ter um entendimento das variáveis climáticas para traduzir um pouco mais no desempenho térmico das edificações. Não podemos, por exemplo replicar algo que é projetado no Macapá, da mesma forma no Sul do Brasil”, disse.

Em sua fala, ela lembrou a importância da engenharia trabalhar com foco na sensação de conforto térmico para as pessoas e detalhou conceitos importantes em relação ao tema.

“O desempenho térmico é resultado do clima, tipo de edificação, componentes e modo de uso. A avaliação do desempenho térmico auxilia na determinação da eficiência energética na edificação Já o conforto térmico, segundo a Norma Americana ASHRAE 55, é a condição de mente que expressa satisfação com o ambiente térmico. Ela é relacionada a percepção humana envolvendo variáveis humanas e ambientais”, explicou.

Na sequência, Marcelo Salles Olinger, explicou como os dados climáticos futuros na simulação interferem no desempenho das edificações.

Na palestra de Sustentabilidade em Refrigeração Comercial foram feitas comparações de diferentes tecnologias disponíveis para o setor do ponto de vista de sustentabilidade e custos, com avaliação das emissões totais e custos totais de propriedade em diferentes cenários de temperaturas ambientes para determinação da solução ideal para sistemas de refrigeração comercial. O tema foi trazido pelo palestrante, Lucas Takeji Nakaima Fugita, que é especialista de Serviços Técnicos e Desenvolvimento de Mercado da Chemours.

A preocupação apresentada pelo palestrante Eng. Thiago Boroski, coordenador de Eficiência Energética e Contas Corporativas na TROX, foi o efeito das mudanças climáticas sobre a demanda crescente por sistemas de ar-condicionado. O cenário traz a consequente urgência de se obter ganhos em eficiência energética para redução de emissões de CO2 e utilização de recursos naturais, além da responsabilidade dos sistemas de ar-condicionado na garantia da qualidade do ar interior, traçando um paralelo com os eventos recentes de pandemia e os riscos permanentes de contaminação.

Atração internacional do Mercofrio 2022, Dr. Eckhard A. Groll é o Reilly Professor da Engenharia Mecânica e Chefe da Engenharia Mecânica da Purdue University. Nas últimas décadas, as ciências de refrigeração e ar condicionado têm estado em um estado de fluxo, principalmente devido à eliminação progressiva dos refrigerantes CFC e HCFC que destroem a camada de ozônio e, secundariamente, devido a preocupações ambientais relacionadas aos impactos diretos do aquecimento global de alguns dos refrigerantes de reposição. Devido a essas preocupações, há um grande interesse mundial em usar substâncias que ocorrem naturalmente na biosfera como refrigerantes, que são considerados benignos ao meio ambiente e são denominados “fluidos de trabalho naturais”.

“Surpreendentemente, muitas dessas substâncias já eram usadas como refrigerantes no início da tecnologia de refrigeração no final de 1800. Assim, ao olhar para os refrigerantes do futuro, é essencial entender quais substâncias foram usadas no passado. Por isso, fiz uma revisão detalhada dos refrigerantes passados e presentes e refrigerantes e suas respectivas tecnologias que podem ser usadas no futuro. É importante uma avaliação de suas características relacionadas à escolha de um versus outro, e uma identificação das tendências estabelecidas por essas escolhas”, disse.

O engenheiro e representante comercial da Daikin, Luciano Marcato, apresentou o painel “Tendências tecnológicas para descarbonização do setor de HVAC” onde trouxe as metas da empresa para a redução da emissão de gases de carbono.

Em um auditório lotado, o tema foi trabalhado nesta quarta-feira (14/09), no Congresso Mercofrio 2022. De acordo com ele, o objetivo da Daikin é ter operações neutras até 2050, no entanto, avançando de maneira gradual ao longo do tempo.

“As edificações correspondem até 40% da emissão dos gases e se espera que isso dobre até 2060. Por isso, é preciso agir”.

Segundo ele, este posicionamento da Daikin se deve a neutralidade do carbono e a adesão ao acordo de Paris. “Queremos até pelo menos 2025 reduzir em 30% e um avanço adicional de 50% até 2030”, pontuou.

Os pilares da visão ambiental da empresa são “produtos, soluções e o poder do ar”. A descarbonização passa por desenvolver estratégias para isso nas edificações contendo a emissão dos gases estufa.

Qualificação

O encontro também cumpre importante papel na atualização das normas que regulam o setor. Uma palestra trouxe as principais características da ABNT NBR 17037 que versa sobre Qualidade do ar interior em ambientes não residenciais climatizados artificialmente e estabelece Padrões referenciais. O tema foi apresentado pelo engenheiro Civil e Segurança do Trabalho, CEO da Conforlab. Presidente da Brasindoor e PNQAI, Leonardo Cozack.

“Entre as novidades, está a necessária quantificação dos gêneros fúngicos, no ar exterior e interior, a fim de investigar possíveis fontes de contaminação e disseminação de microorganismos”, disse.

Uma das mudanças mais significativas, segundo o especialista é o estabelecimento dos parâmetros que regulam a qualidade do ar interior.

“Esta talvez seja a mudança mais importante. A concentração no ambiente climatizado/ventilado deve ser de até 700 ppm de dióxido de carbono (CO2), acima da concentração medida no ar exterior, valor recomendado para conforto e bem-estar. A produção de CO2 pelas pessoas é proporcional à produção de bioefluentes geradores de odores. A sua concentração no ambiente é, portanto, uma indicação do nível de odores esperado; não é indicação sobre o nível de poluição química do ambiente. Concentrações superiores às estabelecidas em ambientes ocupados por pessoas devem ser investigadas, pois tendem a provocar certa sonolência e redução da produtividade”, explicou.

A outra atração foi o VRF (Variable Refrigerant Flow), trazida pelo palestrante Márcio Pereira, que mostrou razões que diferenciam a tecnologia.

Palestras técnicas destacam inovações em métodos de refrigeração e climatização

A programação da manhã de quarta-feira (14/09) trouxe uma série de ensinamentos na área. A primeira atração foi apresentada por Saulo de Oliveira Garré, que falou de evaporadores com sistema de Higienização Automatizada. Após, Thiago da Silva André, trouxe a palestra “Experimental Investigation of Thermal Conductivity of Hibryd Nanofluid MWCNTS-AL2O3/PO. O caso seguinte foi o trabalho técnico de desempenho técnico experimental de um radiador automotivo operando com nanofluídos de nanotubo de carbono(MWCNTS). O tema foi abordado por Enio Pedone Bandarra Filho, que é presidente da ANPRAC, Associação Nacional de Profissionais de Refrigeração, Ar condicionado, Ventilação e Aquecimento. Ao final do bloco, Vilson Luiz Almeida Machado, mostrou os benefícios da ionização radiante catalítica em um ambiente artificialmente climatizado.